reportagem especial

Na zona rural, no Centro e na periferia, Rádio CDN estreia para democratizar a informação

Pâmela Rubin Matge e Pedro Pavan



O galo cantava antes mesmo de o sol nascer em mais um agosto repleto de vento norte no Distrito de São Valentim. Dentro de casa, à beira da estrada de chão batido na Colônia Conceição, e a 20 quilômetros do centro de Santa Maria, a agricultora Maria de Fátima Santos acorda, coloca a água aquecer para o mate e já liga o aparelho de rádio. Ela, que é presidente da comunidade, tem a responsabilidade de informar os serviços fúnebres, os horários das missas e festas do distrito às rádios locais:

- Tenho 58 anos e aprendi a ouvir rádio com a minha mãe quando nem tínhamos energia elétrica, e o único aparelho que funcionava era a pilha. Rádio é coisa que faz parte da gente.

Foto: Pedro Piegas (Diário)

A caminho do trabalho, da região oeste à região centro-leste, onde o pintor Paulo Patis, 64 anos, finalizava uma obra na última quarta-feira, o som aplacava a solidão, além de, há longa data, servir como agente emancipador.

- O rádio é como um velho amigo. Não fosse essa companhia, as horas demorariam a passar. Aqui, eu fico sabendo da previsão do tempo, do horário que abre um PA (pronto-atendimento de saúde) e do que esses políticos estão fazendo ou deixando de fazer. Informação é ouro hoje em dia, viu? Melhor ainda é saber das notícias da vila onde eu moro - reflete o pintor, que vive no Bairro Nova Santa Marta e presta serviços em diversos endereços da cidade.


Foto: Renan Mattos (Diário)

Já na Avenida Presidente Vargas, o homem que dedicou mais de seis décadas a fazer da radiofrequência uma extensão da própria vida tem uma certeza: rádio é um meio de comunicação insubstituível. 

Diplomado em radiotécnica em 1955, mas autodidata desde a infância, Amauri José Colvero, 80 anos, além de colecionador, consertou os mais diversos modelos de rádio e montou estações. Por meio de válvulas, amplificadores e o talento de Amauri, foram possibilitadas transmissões de capítulos importantes da história do país à toda região central do Estado.

Foto: Pedro Piegas (Diário)


ASSISTA AO VÍDEO


A CDN

Para o deleite de Maria, Paulo e Amauri, nesta segunda-feira, 30 de agosto, estreia a Central Diário de Notícias. Na frequência 93,5 FM, a rádio chega para conectar as pessoas por meio de notícias, debates e interatividade.

- É um projeto grandioso. Não existe hoje no interior do Estado um projeto como esse. Talvez, exista algo parecido na Capital. É uma ansiedade para nós aqui do Diário e para os ouvintes. É um projeto de muita responsabilidade, de jornalismo 24 horas de segunda a segunda. Foram meses intensos de muitos desafios e de encontrar os modelos ideais para cada um dos 20 programas, porque temos propostas para todos os gostos - adianta Pedro Pavan, editor-chefe do Diário.

Foto: Pedro Piegas (Diário)

ALCANCE

Com informação que alcança públicos irrestritos a qualquer hora e a qualquer lugar, a amplificação das relações sociais é consequência. Também é verdade que a democracia depende do jornalismo sério e de qualidade. É o que corrobora o coordenador do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e professor da disciplina de Radiojornalismo, Maicon Elias Kroth:

- Rádio é um dispositivo de sociabilidade. Possibilita a aproximação da comunidade, que se beneficia com essa proposta. Levando em consideração o contexto de desinformação que estamos vivendo, essa emissora (CDN) virá para valorizar a informação verdadeira, útil e de interesse público. Trazer à tona as histórias da comunidade, o contraponto delas e cercar por todos os lados os acontecimentos promove desenvolvimento.

Coordenadora do curso de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN), Sione Gomes salienta a potência da iniciativa para as próximas gerações:

- O rádio se modificou ao longo dos tempos, foi se transformando. Mas o rádio em si, pano de fundo das atividades cotidianas, sempre existiu e teve espaço. Uma rádio que surge com essa força, reinventada, com a interligação com outros veículos, traz muita qualidade jornalística, chama a atenção e impacta na formação de novos profissionais. 

Sintonize na 93,5 FM. Nos encontramos segunda-feira, a partir das 7h.

(Colaborou Jaiana Garcia) 




Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Caminhares dissonantes: Rio Branco, a histórica avenida de contrastes

Próximo

Saiba quais são os planos de gestão, a trajetória pessoal e profissional do trio que deve conduzir a UFSM até 2024

Reportagem especial